sábado, 1 de agosto de 2009

Administradores nas Prefeituras

Nos últimos 5 anos tenho realizado projetos de Reforma Administrativa em várias Prefeituras do Vale do Paraíba e Região. As Reformas incluem normalmente desenho da estrutura organizacional, (organograma) e Plano de Cargos e Carreiras.

Em um total de mais de 5 mil funcionários não encontrei um único administrador nos quadros profissionais dessas instituições.

Esse fato pode ser explicado por diversos motivos, mas o que mais preocupa é que mesmo tendo passado por diversas Reformas Administrativas antes da minha, nenhum desses projetos identificou a necessidade do perfil profissional do Administrador, muito menos do Administrador Público, para a realização das atividades típicas de uma Administração Municipal, nome também dado às Prefeituras.

Gestão de pessoas, de materiais, de projetos e convênios de cooperação, contratos de prestação de serviços, implementação de tecnologia, entre outras atividades, prescindem de administradores naquelas instituições segundo as últimas Reformas.

Nos documentos analisados, contata-se uma clara superficialidade na discussão das competências, habilidades e atitudes necessárias para a realização das atividades básicas de uma Prefeitura.

Por um lado fica patente que o senso comum é que o trabalho de reformar a administração municipal é eminentemente jurídico, já que existe a exigência de um documento final que é um Projeto de Lei.

Por outro, ignora-se a necessidade da realização de serviços públicos de qualidade e irrefletidamente, maneira automática, reproduz-se o modelo político equivocado no qual a administração municipal é um depósito de cargos que servem exclusivamente para serem trocados pelo apoio político recebido nas eleições.

Neste contexto, as reformas administrativas nas prefeituras, seja pela falta de formação político-administrativa atualizada de seus realizadores, seja pela dificuldade em extinguir o modelo prebentário da administração pública brasileira, continuam mantendo esta importante instituição parada no tempo e longe das conquistas do resto do mundo do trabalho.

Numa época em que as organizações elegem "o melhor lugar para trabalhar", nas prefeituras não há plano de carreiras que permita determinar o futuro, não há avaliação de desempenho que premie o esforço pessoal e não há crescimento profissional por mérito. Nessas condições o ambiente de trabalho é regularmente perverso.

Concluo de forma inequívoca que a falta de administradores na condução das Reformas da Administração Municipal e consequentemente nos quadros funcionais propostos por elas acarreta dois grandes problemas em nível nacional:

1. um contingente de milhões de servidores públicos municipais frustrados profissionalmente que sem perspectivas de crescimento profissional padecem de doenças do trabalho como o stress, pânico, desânimo entre outras;
2. subdesenvolvimento econômico na base primária que são as cidades brasileiras, decorrente da ineficiência e falta de efetividade dessas "organizações".

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