segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Mobilização popular pode ser alcançada de várias maneiras.

Segundo matéria de autoria do Professor de Administração Pública, Jack W. Meek, da Universidade de La Verne, Califórnia, publicada na Revista de Administração Municipal do IBAM instituto Brasileiro de Administração Municipal, na edição de junho de 2008, a mobilização da população em direção à cidadania e participação política pode acontecer de várias maneiras.

No artigo que tem por título "Abordagens da Governança através da Participação: implicações para o gerenciamento ambiental" extrai-se um conceito muito interessante sobre o "engajamento cívico".



Referenciando Stephen Macedo que define engajamento cívico como “qualquer atividade, individual ou coletiva, que se dedica a influenciar a vida coletiva do regime (governo)", o autor identifica cinco formas diferentes de engajamento que considero muito útil apresentar aqui:

1. Engajamento competitivo: neste tipo de ação os cidadãos atuam de "forma a extrair concessões do governo por meio do confronto, legal ou não". A abordagem competitiva procura injustiças e divisões dentro da sociedade que são destacadas através de atos que demonstram contrariedade ou até o confronto físico e a intimidação, como em tenho recentemente presenciado.

2. Engajamento Eleitoral: o cidadão apenas vota, contribui para a campanha, trabalha para os partidos e seus candidatos. Pode também o cidadão oferecer opiniões nas futuras políticas públicas. Segundo Macedo, “essas formas de participação estão em declínio, principalmente por um governo cada vez mais inatingível (distante da população), e um processo representativo fracassado. Putnam é citado fazendo também menção ao declínio, mas justificando-o pela “diferença de gerações e a imposição da tecnologia que individualiza e minimiza as conexões culturais coletivas”.

3. Intercâmbio de informações: que podem ser passivas, baseado na disponibilização de documentos e relatórios do governo para consulta, como ativas quando ocorre a participação dos munícipes nas câmaras legislativas, audiências públicas, consultas cívicas e pesquisas de satisfação dos cidadãos. Destaca o autor a limitação desta forma de participação popular que regularmente é manipulada pela burocracia no poder e tem motivação essencialmente político-administrativa. Manifesta também que esta forma de participação também apresenta limitações em termos do desenvolvimento da mútua compreensão do projeto político e seus impactos para a população.

4. Sociedade Civil: inclui nesta forma de participação a existência de organizações voluntárias, instituições religiosas, clubes sociais, celebrações da cidade, agremiações estudantis, entre outras. Apesar de também ser considerada em declínio por Putnam, outros estudos concluem que “o tecido social da nação e as formas essenciais de conexão entre os homens estão mudando”.

5. Engajamento deliberativo: focalizada na busca de uma ação conseqüente, essa forma de participação procura capturar a essência das pluralidades dos cidadãos, transformando os comentários obtidos nos diálogos e interações em contribuições para o entendimento aprofundado dos problemas a resolver, produzindo, desta forma, um motivo coletivo bem compreendido. “Na abordagem deliberativa, o papel do cidadão é expandido, incluindo o intercâmbio de idéias e aprendizagem sobre preocupações e capacidades de outros beneficiários ou partes interessadas”.

Conclusão

Como nós mesmos podemos testemunhar, o advento das redes sociais é a evidência concreta da mudança nas formas de conexão entre as pessoas rumo a uma nova cidadania.

Antevejo uma cidadania mais informada, especializada e objetiva em cada um dos temas de interesse, atuando de forma mais efetiva e empreendedora no sentido amplo da palavra, sendo capaz de determinar os próprios destinos.

A tecnologia, porém, apesar de sua grande capacidade de informar, por si só ainda não representa instrumento de pressão.

A ação é necessária!!

Ainda precisamos, necessariamente, desenvolver atividades presenciais com a grande maioria da população e a melhor forma compreende um reforço da organização da sociedade civil, a interação e fundamentalmente a prática da deliberação “como forma de construir relações de confiança entre os participantes”.

Saudações democráticas!!

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